O que achamos de "Missão Impossível – Acerto de Contas – Parte 1" – Culturadoria
11 de julho de 2023O novo capítulo da icônica franquia protagonizada por Tom Cruise estreia nesta quinta-feira nos cinemas de todo o país
Por Caio Brandão | Repórter
Acompanhando “Velozes & Furiosos” e “John Wick”, a saga “Missão Impossível” se encaixa na categoria de franquias de ação intermináveis. Sendo assim, Tom Cruise estrela em mais um filme da série, o sétimo, no caso. A questão, no entanto, é que a franquia é conhecida pelas sequências práticas de ação absurdas, levantando hipóteses de qual será a próxima situação surreal que o protagonista Ethan Hunt se encontrará.
Grace e Ethan, ou Hayley Atwell e Tom Cruise – Foto: Christian Black
Essas possibilidades são sempre o carro chefe dos longas, e, nesse quesito, “Missão Impossível – Acerto de Contas – Parte 1”, de Christopher McQuarrie, super produção que invade os cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira, dia 13, não decepciona.
Ameaça Invisível
O grande trunfo da obra é a forma com que o vilão interage com a trama. Na verdade, o que o vilão, de fato, é: uma inteligência artificial fora de controle. Essa premissa, todavia, não é exatamente uma novidade. No entanto, a forma com a qual essa ameaça se manifesta ao longo do filme concede à obra um ar singular quando comparado ao resto da franquia.
Os agentes, nesse sentido, não enfrentam um gênio do mal ou algo do tipo, mas, sim, um inimigo que beira o esoterismo. Denominada “A Entidade”, a IA se ergue como um ser onisciente e onipresente, proporcionando uma tensão constante. Nunca se sabe como os perigos vão se manifestar, já que o inimigo da vez é praticamente um deus.
Uma das marcas registradas de “Missão Impossível” é o uso de tecnologias que flertam com a fantasia. Máquinas que produzem máscaras quase indistinguíveis de uma face real, sistemas que permitem hackear qualquer dispositivo eletrônico… Tudo é muito absurdo, mas é aí que está a graça.
Graça essa que aumenta mais ainda quando tudo isso é suscetível aos planos da IA, que interfere nessas bugigangas constantemente, virando as armas dos heróis contra eles mesmos a todo momento. Nada é confiável, tudo pode ser mentira. E essas dúvidas permanecem durante todo o filme, apresentando um perigo palpável e perene.
As interações entre o time
Essa dinâmica, consequentemente, gera várias crises para o elenco principal. Partindo daí, se ergue outro ponto alto do longa: o time de agentes. Ver o modo como Ethan (Tom Cruise), Grace (Hayley Atwell), Luther (Ving Rhames), Benij (Simon Pegg) e Ilsa (Rebecca Ferguson) somam as respectivas especialidades para, juntos, desenvolverem estratégias mirabolantes e colocá-las em prática para contornar A Entidade entretém com facilidade.
Além disso, as situações surreais que surgem a partir desse processo divertem sem esforço, sejam elas um tiroteio durante uma tempestade de areia ou Tom Cruise pulando de um penhasco em cima de uma moto para pousar em um trem em movimento. Tudo isso faz com o último filme da franquia cumpra o que propõe: ação de qualidade.
Tudo bem que o filme tem alguns clichês, como a “obrigatória” cena em uma balada, presente em vários filmes de ação, e uma sequência praticamente idêntica à cena do trem no jogo Uncharted 2: Among Thieves. “Missão Impossível”, contudo, é uma das franquias que ajudaram a definir, lá em 1996, o que se espera de um filme de ação moderno, influenciando até os games. Podemos, então, relevar esse tipo de coisa.
Um filme sincero
“Missão Impossível – Acerto de Contas – Parte 1” é, portanto, um filme, acima de tudo, direto. Não existem pretensões desmedidas, bem como não há uma tentativa de fazer algo genérico apenas pelo dinheiro. A intenção de entreter é sincera, e todos os esforços gravitam em torno desse objetivo.
Dito isso, até que existe ali um esboço de crítica social, por conta do vilão ser uma IA etc. Os personagens debatem se algo como aquilo deveria existir, se realmente alguém deveria ter todo esse poder.
O fato é que, mesmo que essa até seja uma discussão pertinente, existem infinitas fontes extremamente mais qualificadas que ponderam sobre tais questões. Inclusive, vamos combinar, se alguém espera algo muito profundo de “Missão Impossível”, essas expectativas são, no mínimo, exageradas.
Enfim, o filme diverte, e isso é inegável. Quem entra no cinema para assistir a uma produção assim, só quer ver sequências eletrizantes, que deixam o espectador na ponta da cadeira. Neste aspecto, a obra entrega. Então, se é isso que você está buscando, o último “Missão Impossível” vale a pena – e, de bônus, ainda deixa um gostinho de quero mais, por ser apenas a parte um da conclusão da saga.