Três histórias de “coming of age” para conhecer o estilo

20 de abril de 2023 Off Por admin

Selecionamos uma série, um filme e um livro sobre amadurecimento para você conhecer o estilo “coming of age”

Por Helena Tomaz | Assistente de conteúdo

O dicionário da Universidade de Cambridge dá três definições para o termo “coming of age”: “quando algo começa a se tornar bem-sucedido”; “quando alguém se torna legalmente adulto e pode votar” e “o período em que alguém começa a amadurecer emocionalmente”. 

Divulgação/BBC Three/Hulu

No universo da ficção, o termo “coming of age” engloba obras que contam histórias do período de vida em que personagens adolescentes e jovens se tornam adultos. Em português, podemos traduzir para “romance de formação”, quando aplicado aos livros. Selecionamos aqui, então, as melhores histórias para você mergulhar no “coming of age”. 

Pessoas Normais

Fenômeno de vendas, foi o livro que consagrou a autora irlandesa Sally Rooney. Apesar de aclamado por parte da crítica e de reunir verdadeiros fãs por todo o mundo, “Pessoas Normais” divide opiniões. 

A história parece um clichê: em uma cidade rural na Irlanda, Connel e Marianne, colegas de escola, começam a se relacionar. Por trás da premissa simples – e que, convenhamos, parece até boba – se desdobram, no entanto, diversas camadas que tornam o livro viciante. 

A mãe de Connel é faxineira da família de Marianne, a mais rica da cidade. Enquanto ele, além de ser um excelente aluno, está sempre cercado de amigos, Marianne é absolutamente solitária. O relacionamento dos dois acontece escondido do restante do mundo. Por trás dessa dinâmica, se revelam os valores marxistas da autora, considerada a primeira grande romancista millennial, e os dilemas de quem entra na idade adulta no século XXI.

A relação dos dois se prolonga por anos, ao longo dos quais a dinâmica entre eles se altera à medida em que eles amadurecem. Em 2020, em formato de série, o Star+ lançou a primorosa adaptação do livro, também batizada de “Pessoas Normais”, com Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal (indicado ao Oscar de melhor ator em 2023). “Conversas entre amigos”, outro livro de Sally Rooney também virou série em 2022, dessa vez com Joe Alwyn. 

Apesar de não conseguir transpor a beleza da escrita de Sally Rooney (simplesmente por ser uma série, e não o próprio livro), o seriado compensa em outros aspectos. Vale destacar aqui o detalhe da alternância entre o azul e o amarelo, que se repete na cenografia, no figurino e na fotografia ao longo de várias cenas. O episódio que se passa na Itália também deu outro tom ao trecho em que a viagem é narrada no livro.

Norwegian Wood

Norwegian Wood, nome dado em referência à canção dos Beatles, foi o romance responsável pela popularização de Haruki Murakami, um dos maiores autores japoneses da atualidade, ao vender mais de 4 milhões de cópias no Japão, após ser lançado, em 1987. 

O livro narra a trajetória de Toru Watanabe na Tóquio pós guerra dos anos 1960, totalmente diferente do que a cidade é na atualidade. Ele acaba de se mudar para um alojamento masculino para estudar teatro na universidade.

Totalmente solitário, ele reencontra Naoko, ex-namorada de Kizuki, melhor amigo dele, que se suicidou aos dezessete anos. O reencontro com ela envolve Toru em altos e baixos, lembranças do passado e dificuldades do presente. Ele tenta começar a vida adulta com o peso de lidar com as memórias do passado ao lado do amigo Kizuki.

 Apesar das justas críticas que Murakami recebe pela maneira machista que retrata as personagens femininas de seus livros, vale a pena ler Norwegian Wood. A história é delicada, envolvente e bonita, apesar de tristíssima. Para quem gosta de música, a experiência da leitura fica ainda mais interessante, já que o livro é permeado por clássicos da década e tem até playlist no Spotify.

Capa Norwegian Wood. Editora Alfaguara.

Adoráveis Mulheres

Clássico da literatura norte-americana, na versão de 2019, adaptada para o cinema por Greta Gerwig, a história ganha uma divisão mais delimitada em dois períodos. No livro, essa divisão já existe, pois, após o sucesso de “Mulherzinhas”, Louisa May Alcott escreveu “Boas esposas”, que, nas edições atuais, é publicado como uma segunda parte do livro. No filme, no entanto, Greta Gerwig cria uma linha do tempo que vai e vem, alternando entre a infância e adolescência e a idade adulta das irmãs March, dando mais dinamicidade à história. 

Meg, Jo, Amy e Beth enfrentam desafios pessoais, como a rebeldia, a iminência do casamento e problemas de saúde, enquanto o pai está na guerra de secessão. Enquanto enfrentam a escassez provocada pela guerra, fazem amizade com os vizinhos Laurie e Mr. Laurence, que, por sua vez, desconhecem a pobreza.

Greta Gerwig conseguiu atualizar “Mulherzinhas” e torná-la uma história para os tempos atuais, sem perder a essência da original, da década de 1860. Formado por Meryl Streep, Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh e Timothée Chalamet, o elenco também é impecável. É um daqueles filmes para guardar no coração e assistir em tardes chuvosas.